domingo, 4 de outubro de 2009

São Luís, uma cidade abandonada...

Depois que voltamos de férias ou de uma rápida viagem de algum outro lugar, ou de alguma outra cidade do Brasil é que constatamos o quanto São Luís está desprezada, abandonada, sozinha, um lugar entregue à sua própria sorte.
Caminhando pelo Projeto Reviver, na Praia Grande, você se sente como se estivesse andando numa cidade fantasma não tão diferente desses lugares abandonados depois de um bombardeio; se andar um pouco mais pelas ruas do centro da cidade, você pode constatar casarões de séculos caindo aos pedaços ou se não, pedindo socorro por cuidados e manutenção. As praças, os canteiros, os meio-fios, a avenida litorânea, quando não totalmente abandonados, estão tomados pelo mato e capim causando um aspecto degradante na cidade e aos olhos de quem vê.
Trafegando pelas avenidas e ruas da capital você é obrigado a estender o seu percurso por conta dos milhares de buracos e crateras espalhados por esta cidade, tornando-se quase impossível dirigir. Todos os anos a mesma situação. E a pergunta? Por que não colocam um asfalto melhor nas ruas e avenidas desta cidade? Será que o asfalto comprado no Maranhão é o mais caro do Brasil?
E ninguém se pergunta pra onde vai o dinheiro dos impostos dos cidadãos maranhenses. Ninguém cobra ou reivindica absolutamente nada, aceitam esta situação como se fosse normal, como se estivessem anestesiados pelo descaso e falta de respeito das autoridades que dirigem este estado, pois aqui não importa quem entra e quem sai, a calamidade, a pobreza, o desrespeito e o descaso com esta população continuam; tornou-se uma doença, uma praga daquelas que por mais que se use produtos químicos, não acaba.
Como diz um texto do livro do romancista turco Orhan Pamuk, “pelo menos uma vez na vida, a reflexão sobe nós mesmos nos leva a examinar as circunstâncias do nosso nascimento. Por que teremos nascido nesse canto do mundo em particular? Os países e as cidades a que a loteria da vida nos destina – devemos supostamente amá-los, e no fim das contas de fato os amamos do fundo do coração, mas será que não merecíamos melhor sorte?”
E continua o texto “ às vezes me considero desafortunado por ter nascido numa cidade velha e empobrecida, sepultada sob as cinzas de um império arruinado. Mas uma voz dentro de mim insiste em dizer que, na verdade, essa foi a minha sorte.”
Não sei se é sorte minha ou de muitos maranhenses, a verdade é que gostaríamos de viver numa cidade melhor, mais bem cuidada em todos os aspectos, onde os impostos que pagamos fossem revertidos em benefício das pessoas que aqui escolheram para viver suas vidas.
Para quando chegar lá fora nos orgulhar de onde viemos e fazer comparações e nos encher de alegria quando voltarmos pra casa e não de tristezas e de saudades de lugares onde estivemos.
Quando não se tem mais lágrimas para chorar e nem palavras para lamentar se faz poesia para São Luís sarar.

Um comentário: